Adriana Cavalcanti de Aguiar e Patrícia Estrella Liporace Barcelos
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde – Fundação Oswaldo Cruz

 

Resumo

O trabalho em saúde abrange diversas dimensões da comunicação, em variadas modalidades de interação, envolvendo sujeitos, motivações, necessidades e interesses, em distintos circuitos, ainda analisados predominantemente a partir do modelo unidirecional de difusão de informação. No contexto de mudanças sociais globais, impactadas pela ambiência da midiatização, políticas públicas brasileiras vêm adotando uma concepção ampliada de saúde, reconhecendo a determinação social das doenças. A participação social compõe a base jurídico-normativa do direito à saúde, impulsionando novas práticas comunicacionais em serviços públicos de saúde e na formação profissional. Novas mediações ensejam mudanças nos sentidos sobre saúde-doença na cultura, formatando demandas por produtos e serviços, porém, as dimensões comunicacionais nas práticas de saúde ainda são insuficientemente estudadas. Realizamos uma busca bibliográfica na base SciELO (Scientific Electronic Library Online com as palavras-chave Comunicação AND Serviços de Saúde, identificando seis núcleos de sentidos para comunicação, em publicações de 2000 a 2018. Destacamos aqui três deles, pela centralidade das interações e possibilidades de produção de novos sentidos: comunicação e informação como direito à saúde; comunicação e educação em saúde, e comunicação e uso de tecnologias de informação e comunicação (TICs) na promoção e atenção à saúde. Dinâmicas comunicacionais aparecem associadas ao estímulo à autonomia e “empoderamento” dos usuários. A comunicação dialógica é idealizada e coexiste com certa neutralidade da informação científica. Diferentes formas de apropriação e uso de tecnologias comunicacionais nas práticas de saúde, que não devem ser consideradas interativas a priori, podem contribuir para mudanças na relação serviços-comunidades. Dimensões éticas são consideradas na análise, identificando reedições de antigas formas de disseminação de normas de comportamento. Diante das ameaças ao Sistema Único de Saúde, a análise da comunicação interpessoal e organizacional, no atual contexto sociocultural, é componente de fortalecimento de políticas públicas de saúde.

 

Abstract

Health practices encompass several dimensions of communication, in a variety of interactions, involving subjects, motivations, needs and interests, in different circuits. Those are still analyzed based on the dissemination of information adopting an unidirectional model. In the context of global social changes, impacted by the ambience of mediatization, Brazilian public policies have attempted to implement a broad concept of health, one that acknowledges the social determination of disease. Community participation integrates the legal-normative grounds of health as a right, pushing new communicational practices in health services and professional training. New mediations give rise to new meanings about health-illness within the culture, and also fostering new demands for products and services. Nevertheless, the communicational dimensions in health practices are still understudied. We performed a bibliographic search in the SciELO (Scientific Electronic Library Online) with the keywords Communication AND Health Services, identifying six senses of meaning for communication, in publications from 2000 to 2018. We highlight three here due to their importance to interactions and for their consequences to the production of new meanings: communication and information as a right to health, communication and health education, and communication and use of information and communication technologies (ICTs) in health promotion and health care. Communicational dynamics are associated with the encouragement of autonomy and “empowerment” of users. Dialogic communication is idealized and coexists with the supposed neutrality of scientific information. Different forms of appropriation and use of communication technologies in health practices should not be considered interactive at face value, although they might enhance changes in the relationship between services and communities. Ethical issues are considered in the analysis, identifying reediting of old dissemination norms of behavior. In the context of threats to the Unified Health System, the analysis of interpersonal and organizational communication offers support to public health policies.

 

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