O presidente de honra do CISECO, Eliseo Verón, morreu hoje, aos 78 anos, em Buenos Aires. Autor de vários livros sobre comunicação, o semiólogo argentino atualmente era professor emérito da Universidade de San Andrés, depois de uma carreira acadêmica de mais de 20 anos em Paris, onde trabalhou com Claude Lévi-Strauss. No Brasil, deixou muitos amigos e alguns lhe dedicam algumas palavras como parte do tributo por sua elevada contribuição ao campo da comunicação. Veja os depoimentos de colegas que conviveram com o professor, outras notícias do site do CISECO sobre ele e a repercussão da morte em outros veículos de comunicação.

Eliseo Verón, presidente de honra do CISECO, morreu hoje, em Buenos Aires, aos 78 anos. O filósofo e semiólogo argentino, uma das principais referências nas áreas de comunicação, semiótica e análise do discurso, foi um dos idealizadores do Centro Internacional de Semiótica e Comunicação. Há quatro anos, o CISECO tem realizado o Pentálogo, evento que reúne pesquisadores brasileiros e estrangeiros para discutir temas contemporâneos pelo viés comunicacional, e as propostas de Verón para a organização dos encontros eram fundamentais.

 

Em um trabalho conjunto com os demais diretores do CISECO, desde o início de 2014 o presidente de honra ajudava no desenho do Pentálogo V, que será realizado em setembro deste ano, em Japaratinga (Alagoas). Durante a primeira reunião preparatória, ocorrida no final de janeiro, formulou problemáticas que considerava essenciais ver discutidas a respeito do tema deste ano e que estão norteando o trabalho de organização.

 

Eliseo Verón era licenciado em filosofia pela Universidade de Buenos Aires (UBA) e trabalhou durante dois anos com Claude Lévi-Strauss no Laboratório de Antropologia do Collège de France. De volta à Argentina, foi professor do Departamento de Sociologia da UBA até 1966. Retornou à França, onde viveu por mais de 20 anos e, lá, recebeu seu diploma de doutorado pela Universidade de Paris VIII, onde foi nomeado professor e dirigiu o Departamento de Ciências da Informação e da Comunicação.

 

Em 1995 voltou definitivamente à Argentina. Dirigia uma consultoria em estratégias de comunicação e era professor emérito do Departamento de Ciências Sociais da Universidade de San Andrés, onde dirigiu o Mestrado em Jornalismo.

 

Verón é autor de vários livros, entre eles Conducta, Estructura y Comunicación; Construir el acontecimiento; La Semiosis Social; e, em co-autoria com Silvia Sigal, Perón o muerte: los fundamentos discursivos del fenómeno peronista; Efectos de agenda; Espacios Mentales: efectos de agenda 2; Sémiotique ouverte: itinéraires sémiotiques en communication (em co-autoria com Jean-Jacques Boutaud). Sua última obra foi La Semiosis Social, 2: ideas, momentos, interpretantes, lançado em agosto de 2013.

 

Os vários amigos de Verón no Brasil foram tomados de surpresa com a notícia de sua morte. E muitos deles, incluídos os membros da diretoria do CISECO, lhe prestam, com algumas palavras, um primeiro tributo.

 

 


DEPOIMENTOS

 

Antonio Heberlê, vice-presidente do CISECO

Conversar com o professor Verón sempre foi sinônimo de aprendizado e as palavras dele nos davam pistas para as reflexões que levamos junto com a bagagem, ao voltarmos para casa. Isso ocorria com maior regularidade nos Congressos, entre eles o do Ciseco, criado por ele, no Brasil. Verón não estará mais nesses encontros, mas o autor não morre e, certamente, as reflexões dele continuarão a ser levadas aos eventos, às salas de aula, às teses e dissertações... É a perenidade das letras.

Lembro que em 2007 ele falou abertamente sobre o fim da televisão. Isso, na época, para uma auditório cheio de brasileiros apreciadores dos gêneros televisivos, foi um choque. "O aparelho não termina, se renova, não veremos mais televisão como hoje", disse-me quando fui pedir explicações sobre a palestra de abertura no Celacom, realizado pela iniciativa da Intercom-Cátedra da Unesco justamente para discutir as ideias dele, na UCPel, em Pelotas, Rio Grande do Sul. O tempo se encarregou de mostrar que ele estava certo.

Antes do último Pentálogo, em 2013, fizemos uma reunião preparatória na Pousada dos Signos e ali conheci o Verón solidário, informal, capaz de discutir amigavelmente como se prepara um churrasco, servido para os amigos, na pacata praia de Japaratinga, Alagoas. No outro dia, foi a vez do "carreteiro" preparado com a carne que havia sobrado do churrasco. Aquela receita intrigou o professor, a ponto de ele se interessar pelo preparo do prato. Parecia desconfiar do sucesso do carreteiro, mas queria saber o passo a passo. Talvez tenha gostado: repetiu três vezes.

Havia um Verón curioso, próprio do investigador e também um impiedoso quanto às ideias. Ele deixava isso muito claro e, neste caso, a crítica nem sempre costumava ser carinhosa. Verón não morre, por essas coisas da perenidade das letras, pois continuaremos a conversar com ele, tensionar com seus escritos e, para isso, basta ler ou reler o que ele escreveu e estaremos dialogando com as suas ideias. Verón, portanto, estará sempre presente entre nós, no legado que nos deixa e na oportunidade de revisitar a proposta visionária e mesmo revolucionária do seu pensamento – típica da mente inquieta de um filósofo e semioticista.

 

 

Paulo César Castro, diretor do CISECO

Foi com muito pesar que soube da morte de Eliseo Verón hoje. Significa a perda irreparável de um intelectual com contribuições fundamentais para o campo da comunicação. Suas obras ficam e muito ainda têm a nos provocar, mas nada como a convivência com o autor cujos livros foram básicos para minha dissertação de mestrado e minha tese de doutorado. Para além do autor, estava o amigo de diretoria do CISECO, com quem, mais do que as discussões sobre os temas dos Pentálogos, dividíamos o prazer pela boa música brasileira, que ele tanto apreciava. A comunicação e suas questões nos reunia, mas também um violão, um bom vinho e, às vezes, também uma boa caipirinha, à beira do mar multicor de Japaratinga. Caro amigo Verón, descanse em paz.

 

 

Pedro Russi, diretor do CISECO

Os tecidos-sentidos

É difícil achar palavras neste instante, é difícil procurar formas de expressar tantas coisas que se aglomeram diante de um fato intenso e extenso. Por momentos as palavras e silêncio do Verón vêm à minha memória sem pedir permissão e se instalam para recordar (recordis – passar novamente pelo coração) instantes mínimos de máxima vida. Jogos de semioses atemporais na lembrança de conversas de experiência acumulada, a dimensão história amplia-se abrindo passo o transcendental. Quando era criança algumas vezes me falaram… «vivi de tal forma la vida que viva quede en la muerte»… frase que repercute junto a epigrafe escolhida por Verón no seu último livro : "o pensamento é um fio de melodia em execução através da sucessão de nossas sensações" (Peirce). A triste noticia nos acorda e desafia a compreender a sucessão das nossas sensações, neste momento vigoroso e pesado. Mas, também não posso deixar de lembrar o titulo do capítulo final desse livro "ciclos de vida", ciclos – em plural –, talvez sejamos privilegiadas testemunhas dessa continuidade, das miradas inquietas e não de um final. Eis a animada provocação de ler os tecidos cotidianos desde outro lugar, desde outras questões, desde outros silêncios, desde outros crepúsculos que, na cumplicidade do final do dia, acompanharão Verón a levantar voo… hasta mañana querido profesor.

 

 

Aline Weschenfelder, secretária do CISECO

Era inquestionável o entusiasmo da parte do professor Verón para com a semiótica e a comunicação, batizando, inclusive, a sede do CISECO com o nome "Pousada dos Signos". Lembrei também da paixão dele pela música brasileira, sobretudo por Adriana Calcanhoto (chegou a indicá-la como atração musical para o Pentálogo Inaugural) e Maria Gadú. Separo essas memórias com grande tristeza, mas, com a certeza, de que será da competência, do sorriso largo, do abraço afetuoso e receptivo que será por mim lembrado. A vida permanecerá na obra! Que seja eterna! Triste hoje, mas honrada por ter a oportunidade de conhecer e trabalhar com o professor Verón no CISECO. Com grande pesar.

 

 

Pe. Prof. Dr. Pedro Gilberto Gomes - pro-Reitor Academico da UNISINOS e professor do seu Programa  de Pós Graduação em  Ciencias da Comunicação

Caros amigos. A pesquisa latino-americana e o mundo intelectual argentino e de todo o continente estão de luto. Perdemos um mestre, perdemos um amigo. Ele partiu. Sua obra permanecerá, bem como sua figura. Era um grande amigo e companheiro de pesquisa e debate do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos. Publicou livros pela Editora da Unisinos. Descanse em paz, Eliseo.

 

 

Programa de Pós-Graduação em Jornalismo/Mestrado Profissional, do Centro de Comunicação, Turismo e Artes da UFPB

 

Nota pública de pesar e nossa homenagem a Eliseo Verón

O Programa de Pós-Graduação em Jornalismo/Mestrado Profissional, do Centro de Comunicação, Turismo e Artes da UFPB, PPJ, associa-se aos sentimentos de pesar de toda a comunidade científica latino-americana e internacional, pela perda do filósofo, sociólogo, semiólogo e importante pensador da comunicação, Eliseo Verón, ocorrida no último dia 15 de abril de 2014. Para além da dor e profunda saudade que já nos envolve, queremos, através desta nota, render nossa eterna homenagem àquele que foi um dos colaboradores de primeira hora na construção da proposta intelectual do nosso programa, apoiador entusiasta e pró-ativo das nossas realizações.

O eminente pesquisador Eliseo Verón, em 2012, ano de aprovação do PPJ pela CAPES, acolheu o nosso Programa como parceiro principal, na realização do IV Pentálogo do Centro Internacional de Semiótica e Comunicação, realizado em setembro daquele ano na cidade de João Pessoa. Ali privamos mais intimamente do instigante pensamento de Eliseo Verón, que através das trilhas da filosofia, da sociologia, da semiótica, da comunicação e da sua larga vivência, produzia reflexões profundas acerca da natureza do presente, marcado pela mediação dos dispositivos tecnológicos, influenciando todas as instâncias da cultura e da sociedade.

Ali conhecemos, in loco, a riqueza dos debates dos quais Verón fazia parte, contribuições que o pesquisador classificava, ao modo de brincadeira, como “impertinências”, mas, ao contrário, traduziam-se em importantes vislumbres da sua arguta compreensão de mundo.

Nosso mais recente contato com o pesquisador envolvia um projeto promissor. No último mês de março, Verón deu seu aceite para compor, conjuntamente com relevantes pesquisadores nacionais e internacionais, o Conselho Científico da Revista “Âncora”, periódico técnico-científico do PPJ.

Em agosto de 2013, na cidade de Japaratinga, Alagoas, sede do CISECO, realizou-se o V Pentálogo Internacional, onde diversos docentes e estudantes do PPJ novamente puderam compartilhar da companhia de Eliseo Verón. Presidindo as atividades do V Pentálogo, tal qual um maestro, o semiólogo intercalava cada conferência com a escuta de uma canção, escolhida por ele próprio. É daqueles momentos tocantes, plenos de reflexão interior, que recolhemos nossa homenagem para o intelectual, o amigo, o colaborador:


“É sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar. Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho. Que o vinho busca ocupar o lugar da dor. Que a dor ocupa metade da verdade, a verdadeira natureza interior.” (Chico Buarque de Holanda, interpretada por Gilberto Gil)

 

 

Jairo Ferreira, professor titular e pesquisador do PPGCC da UNISINOS

Como fazer nessas horas?

Ou minutos onde são os segundos que contam. Epidérmicos que transcorrem intensos, e, ao mesmo tempo, lentos. Muito lentos.
Deixar o sentido percorrer. É como deixar o samba rolar. Certamente um samba melancólico como o tango, nascido na confluência de todas as migrações.

A gente percebe que ele "circula". Vai aos sentidos que transbordam a música. Chegam aos olhos, que ficam esbugalhados sem explicação. Perguntam: "amigo, o que aconteceu?". Nada.

 

Ou quando afeta a voz, ao se falar com alguém que não tem relação alguma com o que 'aconteceu'- o porteiro, o cara que tá na tua frente no caixa do supermercado, o desconhecido que compra, o filho próximo que está distante - mas se diz a essa pessoa, sem dizer, que a vida é, disso que se foi, o que ficou. O que fica. Tudo. Quando se diz para ninguém que é necessário ficar. Deixar à vida, mesmo quando se vai. Coisas modernas que se enfrentam com o fugaz. Haja gaz para tanta partida.

 

Alguns da 'multidão' entram em sintonia com os sentidos que se deslocaram para outra esfera. Então, falam baixo, tocam com doçura, como se escutassem o da cuíca.


Nunca li Eduardo, mas o pouco foi suficiente para sempre tê-lo em minhas escutas e leituras. Poucas palavras trocadas, gestos. Ponto final. Está guardado.


Li muito Eliseu. Eliseu foi um crítico que marcou coisas que escolhi Não me transformei num veronista. Porém, os nós de minhas redes reflexivas (circulação, abdução, esse cruzamento infernal entre ciências sociais e semiótica, de Marx a Peirce, sem falar na nossa linha, a midiatização) foram paridas, nas minhas opções, nos poucos e produtivos encontros que tivemos. Alguns aqui, retirado na província de São Leopoldo (quando sintetizou a circulação) Outro, importante, na então ainda quase bela pólis em despedida chamada Buenos Aires, em sua casa/apto (quando falou das tríades e santíssimas trindades); outro, não menor, em Rosário (quando me criticou sobre o método em ciências sociais que não tinha descoberto a abdução). Os peirceanos ortodoxos em geral não o admiram, mas ele foi o cara que me convenceu que Peirce é + que auto-ajuda, necessário ao pensar.

 

Numa área que questiona as suas fundações epistemológicas, é bom descobrir que podemos ter essas fundações afetivas. Por que então dizer que não temos gaz? *

 


* Nota: A palavra gaz tem o sentido, aqui, de medida. Jairo Ferreira joga com o termos nas duas frases - a primeira, um bordão - onde aparecem. Se diferencia, portanto, do gás como matéria/energia.

 

 

Mario Carlón, professor da Universidade de Buenos Aires

Se fue una una persona singular, muchas veces ácido, sin dudas, pero también frontal, honesto en sus posiciones y, a su manera, afectivo y muy buen amigo. Sin dudas es una pérdida irreparable para el campo de la investigación en comunicación, semiótica y mediatización. Nos queda a nosotros cómo procesar su legado, su generosidad, su capacidad para debatir y provocar.

 

 

Rosaly Brito – Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará (UFPA)

Recebi com grande tristeza, na última quarta-feira, a notícia sobre a morte do professor Eliseo Verón. Na década passada, ele esteve em Belém para um evento. Por duas vezes estive com ele no Ciseco, incluindo o do ano passado. Lembro-me de ter lido ainda na faculdade seu livro Ideologia, estrutura e comunicação, no final dos anos 1970. De lá para cá suas ideias e suas obras permearam minha vida acadêmica. Trata-se de uma obra seminal que, como tal, permanece e continuará contribuindo par formar gerações de novos pesquisadores em Comunicação. Certa vez ouvi de um professor de Filosofia o que considerei a melhor definição de um grande pensador: é aquele cuja obra e postulados são passíveis de serem atualizados, pois são formas fundadoras e matrizes do pensamento social. Como grande pensador, o professor Verón nos deixa a todos o desafio de atualizar e desdobrar sua grande obra em novas questões, neste início de século tão instigante para o pensamento comunicacional. Todos os grandes homens e pensadores são eternos. Que isto nos sirva ao menos de consolo neste momento de dor.

 

Paolo Fabbri, Istituto di Comunicazione dello IULM (Istituto Universitario di Lingue Moderne) di Milano e Facoltà di Scienze Politiche della LUISS (Libera Università Internazionale di Studi Sociali) di Roma

Pour Paolo, encore un corps dense, à la recherche d’un minimum de sacré… Eliseo. Rileggo turbato, dopo la scomparsa di Eliseo Veron, la dedica del suo ultimo libro: La semiosis social2: ideas, momentos, interpretantes. L’ha scritta lo scorso agosto, nel suo studiolo ombroso di Buenos Aires, nella casa dov’ero ospite  per il mio corso allo IUNA, Instituto Universitario Nacional del Arte, insieme al comune amico Oscar Traversa. C’eravamo visti, in luglio, alla residenza estiva di Umberto Eco, un vicino di casa di Eliseo nelle campagne del Montefeltro e nelle spiagge romagnole. Momenti che speravo abituali della nostra amicizia, estesa oltre le distanze geografiche - l’Italia, la Francia e l’Argentina, e la diversità di lingua – ci parlavamo in francese, perché Parigi è la città dove ci siamo incontrati. 

Questa dedica, che la morte inattesa di Eliseo trasforma in monito, mi sconcerta. Credevo di conoscere quasi tutto di lui: dalla numerosa vita sentimentale alla ricerca assidua sulla comunicazione; dagli anni Sessanta nel confronto sui media al Prix Italia (con Stuart Hall e A. Abruzzese), alle conferenze bolognesi dell’anno 2000 sulle profezie della comunicazione (con U. Eco, J. Baudrillard, R. Debré); dai seminari di semiotica a Urbino negli anni ’70, fino agli incontri dell’ Associazione Internazionale di Semiotica Visiva a Buenos Aires, nel 2012. Ricordo di aver letto i suoi articoli parigini su Communication, di aver pubblicato con lui per il memorabile centenario orwelliano di 1984 a Beaubourg, che i miei libri in spagnolo sono apparsi nella sua collezione di Barcellona, “El Mamìfero parlante”. Mi pare, incongruamente, d’aver assistito insieme nel 1996, in un cinema di Buenos Aires affollato di ex-montoneros , alla prima di Eva Peròn, un film anti- hollywoodiano con la regia di J. C. Desanzo e una perfetta Esther Goris.

Corpo denso, ricerca del sacro. La dedica non corrispondeva all’adesione negligente delle lunghe amicizie, le curiosità condivise e la disparità di metodo a cui eravamo abituati. Sapevo di condividere con Eliseo la passione sistematica per la Discorsività, per le forme complesse della sua “produzione”, circolazione e riconoscimento. Per avere le idee giuste non è necessario cambiarle spesso. Posso ancora sottoscrivere alla lista socio-semiotica delle ricerche che si è prefisso e ha realizzato: la comunicazione politica, quella pubblicitaria, le marche commerciali; la stampa grafica e la televisione (telenovelas, divulgazione scientifica, notiziari, campagne elettorali); la comunicazione istituzionale, sul corpo e la salute; le immagini fotografiche, gli spazi pubblici, i musei, le esposizioni, le biblioteche, i trasporti (la metro parigina, gli  aeroporti). E le “ossessioni” - parole sue – per il soggetto come attore sociale, per un “modello materialista non riduzionista dei processi mentali”; per l’articolazione delle diverse pratiche sociali con quelle comunicative – la corporeità e il suo cronotopo, la produzione del cambiamento sociale. Per come si configura, infine, la semiosi. E il ruolo, indispensabile quanto ambiguo, dell’osservatore.

Sapevo che per me e per lui – presidente di lungo corso dell’Associazione argentina - la semiotica era una disciplina umanistica, una scienza sociale e non una branca dell’ estetica o della filosofia del linguaggio. Una teoria, con metodi propri, dell’intelligibilità dei fenomeni collettivi e complessi della significazione. Vocazione empirica al pathos fertile dell’esperienza che richiede la costruzione di un progetto architettonico con molte porte da aprire e molte soglie da varcare. (Confesso d’aver desiderato di riprodurre la sua ricerca sulle escort di alto bordo…)

Conoscevo anche le molte differenze in cui continuiamo a somigliarci. Non le opposizioni, che sono logiche, ma gli scarti epistemologici e strumentali. A partire dalla sodale formazione saussuriana, Eliseo era pervenuto alla acrobatica versione trifunzionale del binarismo di C. Lévi-Strauss (della cui Antropologia Strutturale era traduttore in spagnolo). Un’ibridazione singolare tra G. Bateson – il suo primo riferimento - e C. S. Peirce – per cui nella bibliografia italiana che segue le 500 pagine della sua Semiosis2 trovano posto  solo U. Eco e M. Bonfantini (e un ottimo sociologo, L. Pizzorno). Quanto alla teoria della enunciazione, il riferimento costante è A. Culioli, il solo, per Eliseo e Sophie Fisher, a render contro degli aspetti linguistici e semiotici della comunicazione; un superamento di E. Benveniste additato dall’ultimo C. Metz. Il mio riferimento alla semiotica di L. Hjemslev e ad A. J. Greimas ci ha evitato la complicità dei clan disciplinari, ma non ha incrinato la nostra prossimità - a riprova della flessibilità del campo semiotico, per cui T. Kuhn prevede l’eccezione di un paradigma bicefalo. Un disturbo bipolare non è un’emiplegia per quanti ritengono che una lingua si conosce in navigazione e non nei cantieri del laboratorio (F. de Saussure). Anche se non condividevo la sua fiducia nella storia, nella biologia, nella sociologia di N. Luhman e nell’insalata USA delle scienze cognitive, avevo appena ripubblicato al Centro internazionale di Studi semiotici di Urbino, il primo draft della Sémiosis sociale1, uscito a Parigi nel 1987. Il caso che fa bene le cose, anche nei tempi tristi.

Torno ancora ai corpi densi e al sacro dell’enigmatica dedica. Eliseo sapeva cosa scriveva e, a suo dire, intratteneva buone relazioni col proprio inconscio, rispettandone le scelte - come quella di insegnare alla Università bonaerense di San Andrés dall’irrevocabile ritorno da Parigi. (La crisi della Università era la sua ultima preoccupazione). Provo allora a riscrivere, nella mia grammatica di riconoscimento, il senso di questa frase. 

“Momentos”, la seconda parte del libro, tratta della trasformazione dei supporti materiali della mediatizzazione, delle loro diverse scale temporali e impatto politico e collettivo; dall’origine del linguaggio e della scrittura fino all’audiovisivo ed Internet. Il 13° capitolo è dedicato alla “Nascita dei corpi densi”. Vi si spiega come, nell’Antichità tardiva, i testi sacri della prima cristianità, resi compatti dalla scrittura, abbiano originato la prima intertestualità – di cui l’Esapla o la Sestupla di Origene sarebbe il primo esempio occidentale. E narra il tentativo concomitante di controllare la circolazione testuale e le sintassi di riconoscimento, via la glossa interpretativa. I vecchi rotoli, materialmente inadeguati, avrebbero fatto gradualmente posto ai codici, ai “nostri” libri, condizioni di felicità del verbo cristiano. Negli Scrittòri di Pergamo e Cesarea - anticipazioni delle università medioevali - s’insegnava l’alfabeto e la grammatica poi la declamazione, la resa oratoria dei testi. La densa corporeità del nuovo supporto tecnico s’incarnava dapprima nella vocalità elitista del declamatore, nella sua actio fonica e gestuale;  un “mondo di duplicità, di persuasione, di apparenza, centrato sull’io”. La moltiplicazione del nuovo medium, il libro, richiese poi il controllo  e la verifica esegetica, attraverso la figura ascetica del frate scriba, lontano da mondane glorificazioni. 

Ho inteso? E’ forse il modo obliquo e discreto di Eliseo per ricordare a chi, come me, preferisce la visibilità (cavalleresca) della parola alla prassi (monacale) della scrittura? Per rammentarmi, che la salienza del codice-libro, contenente di divine storie, ne ha serbato una sacrale pregnanza, diluita certo, ma non del tutto smarrita nei rumori e furori della storia? Anche se questo corpo denso sopravvive a pena tra i corpi effimeri delle nuove tecnologie?

Prometto che continuerò a girare le pagine del tuo libro, Eliseo.

 

 


 

Oscar Steimberg (no Infonews)

Leerlo para aprender a discutir: las búsquedas de Eliseo Verón nos posibilitaron la percepción de la múltiple condición generadora de sentidos de los lenguajes mediáticos 

 

 

Violeta Gorodischer (no La Nacion)

Adiós al teórico que revolucionó el campo de la semiología en el país

 

 

Oscar Gonzalez (no La Nacion)

Pensador social: Eliseo Verón fue un pensador de lo social bajo la fuerte influencia de las teorías del signo, del enunciado y de la información

 

 

Damián Fernández Pedemonte (no La Nacion)

El estudioso de los medios y su evolución

 


 

OUTRAS NOTÍCIAS DO SITE DO CISECO SOBRE ELISEO VERÓN

Eliseo Verón diz para juízes da Suprema Corte argentina que Lei dos Meios é obsoleta

Eliseo Verón: o que se passou e se desenvolveu entre “La semiosis social” 1 e 2

Livro de Verón será lançado no Brasil, durante o Pentálogo IV

Entrevista de Umberto Eco a Eliseo Verón para o Pentálogo I: A mídia e a crise da democracia representativa

Universidade de San Andrés distingue Eliseo Verón com o título de professor emérito

Livro de Eliseo Verón: Papeles en el tiempo

Entrevista de Verón: A midiatização em seu último episódio

O canto de las sirenas

 

 

REPERCUSSÃO DA MORTE DE ELISEO VERÓN EM OUTROS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO

CLARÍN (Argentina)

 

 

LA NACIÓN (Argentina)

 

 

PERFIL (Argentina)

 

 

LA VOZ (Argentina)

 

 

PÁGINA 12 (Argentina)

 

 

INFOBAE (Argentina)

 

 

LA PRENSA (Peru)

 

 

EL PAÍS (Espanha)

 

 

LE MONDE (França)

16/4/2014 - Eliseo Veron, rénovateur de la sémiologie, est mort en Argentine

 

 

O GLOBO

15/4/2014 - Filósofo e semiólogo Eliseo Verón morre aos 78 anos

 

 

FOLHA DE S. PAULO

15/4/2014 - Morre na Argentina o filósofo e semiólogo Eliseo Verón

 

 

R7 

15/4/2014 - Morre na Argentina o filósofo e semiólogo Eliseo Verón