O CISECO inicia nesta semana as atividades do Pentálogo XII com a divulgação de conferências, entrevistas e mesas de debate realizadas com pesquisadores nacionais e internacionais sobre a as transformações da midiatização presidencial, com ênfase nas eleições que estão sendo realizadas em diferentes cenários políticos e comunicacionais de vários países. Decorridos 13 anos da realização do Pentálogo Inaugural, nosso objetivo é retomar nesta atividade as reflexões debatidas naquele momento, com objetivo de examinar as relações entre mídias e política a partir das transformações da midiatização sobre práticas sócio-políticas, como as que envolvem as eleições que estão sendo realizadas em diferentes realidades, como as brasileiras.
Os vídeos das conferências, entrevistas e mesas de debate serão disponibilizados no canal do CISECO no YouTube (acesse aqui) ao longo do mês de setembro.


Alguns convidados e os respectivos temas abordados no Pentálogo XII:

Eleições argentinas: A democracia navega lentamente no ecossistema midiático - Gustavo Markier – Plataforma 10 (Argentina) / Entrevistado por Antônio Fausto Neto (Presidente do CISECO)
Destaca-se as implicações do cenário tecno-digital sobre as próximas eleições argentinas, especialmente o descompasso entre processos eleitorais que navegam sob lógicas de práticas sociais clássicas – fundadas nas dinâmicas de representações – e práticas emergentes que caminham celeremente, sob as injunções de tecnologias e processos digitais.

Interseção entre política, religião e mulheres evangélicas na campanha eleitoral de 2022 - Magali Cunha – INTERCOM / Entrevistada por Viviane Borelli (CISECO)
Nessa entrevista, a professora da Universidade Federal de Santa Maria e integrante da Diretoria do CISECO, Viviane Borelli, conversa com Magali Cunha, pesquisadora do Instituto de Estudos da Religião (ISER). Magali aborda distintas complexidades da interseção entre política, religião e mulheres, no contexto das eleições presidenciais deste ano. Magali fala sobre características, valores, identidades e singularidades das mulheres evangélicas. Nesse contexto, reflete, ainda, sobre a inserção da primeira dama, Michele Bolsonaro, na campanha presidencial.

Retóricas populistas e autocracias competitivas nos presidencialismos contemporâneos - Raffaele De Giorgi - Universidade de Lecce/Salento (Itália) / Entrevistado por Luciano Nascimento (UEPB)
Leituras destacam os efeitos das mutações digitais sobre cenários da comunicabilidade atual, transformando as condições de sentidos produzidos pelo discurso político. Os processos de significação da política dependem cada vez mais de fluxos sociotécnicos e não mais de acontecimentos, o que torna impossível campanhas eleitorais serem realizadas em termos clássicos, com base em programas políticos e das orientações das instituições. Surgem, assim, novas orientações e mensagens fundadas em outros imaginários, como o do medo, enunciadas segundo novas retóricas.

A midiatização das narrativas em movimento - Demétrio de Azeredo Soster – Universidade Federal de Sergipe - UFS / Debate com Charles Zimmermann 
AS transformações nas condições de circulação do discurso político, afetam as dinâmicas da mobilidade social. A campanha eleitoral através da qual o atual presidente brasileiro, articulado ao lado de outros ingredientes, como os discursos do ódio e negacionistas e sua expansão sobre o território físico-social. Vale-se de estratégia discursiva em movimento que consiste no desenvolvimento de “motociatas”, indo além das fronteiras dos processos midiáticos – velhos e novos – ingressando na própria ambiência (ampliada) da circulação.

Eleições na contemporaneidade e novas configurações da política - Antônio Albino Canelas Rubim – Universidade Federal da Bahia - UFBA / Conferência mediada por Érica Anita (UFMG)
Traça-se um panorama mais amplo sobre as eleições atuais, envolvendo aspectos que lhe precedem, como possibilidade de se examinar o modo de funcionamento da política contemporânea, no qual a comunicação tem um lugar de destaque não só como fenômeno estrutural, mas, também, superestrutural. Particularmente, chama-se atenção para novos ingredientes que constituem o modo de funcionamento das eleições hoje, momento em que se destacam as redes sociais e o capitalismo de plataforma.

Estratégias de comunicação nas redes sociais digitais dos candidatos à presidência francesa: “novos” formatos e horizontalidades discursivas - Lorreine Petters, Serge Katembera – Universidade Federal da Paraíba - UFPB / Mediação de Paula Paes (UFPB)
Observando o funcionamento da campanha eleitoral francesa, destacam-se aspectos que chamam atenção parta entrelaçamentos de ações centrais das estratégias do candidato vitorioso: adesão aos novos formatos da web e a horizontalização de processos interacionais, bem como tentativas de controle sobre as agendas midiáticas propriamente ditas.

Hermenêutica eleitoral: as eleições presidenciais de 2022 no Brasil - Sergio Porto, Celia Mota, Arthur Trindade – Universidade de Brasília - UnB / Mediação de Deva Heberlê e participação de Antônio Fausto Neto (CISECO)
As eleições são lidas segundo perspectivas hermenêuticas ao entrelaçar em três distintos – ciências da comunicação, sociais e a história, reflexões que mostram a sua realização como complexo processo de construção que mistura criatividade, imaginação, imprevisibilidades e outras associações interpretativas. Promovem exercícios criativos e analíticos que permitem nomear a democracia como o melhor processo político, mesmo que a sua construção se teça em meio a detalhes e surpresas.

Elecciones Presidencia de Colombia 2022-2026: “Entre el miedo y la ilusión” - Beatriz Quiñones Cely - Universidad Nacional da Colômbia / Mediação de Pedro Russi (CISECO) e participação de Doly Sotomajyor (UNAL - Colômbia)
As recentes eleições presidenciais colombianas foram objeto de análise que chama atenção para estratégias de defrontação entre velhos e novos meios digitais deslocando, de certa forma, o embate político que se passava em outros cenários do país para os territórios midiáticos propriamente ditos.

As redes extremistas e seus percursos passionais - José Luiz Aidar Prado, Vinicius Prates, Heloisa Pereira, Rafael Giovannini - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP / Mediação de Laura Guimarães Corrêa (CISECO)
Características da enunciação bolsonarista e de seus “contratos de leituras” são descritas a partir de fake news associadas com estratégias discursivas sobre a Covid-19. Destacam as manifestações de estratégias discursivas que vão tomar corpo também no cenário das eleições presidenciais, segundo conclusões sobre o funcionamento de redes extremistas e seus percursos passionais.

Mecânica populista no ecossistema digital: um estudo sobre a comunicação de André Ventura no Twitter - Hélder Prior - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMT / Universidade Autónoma de Lisboa – Labcom/Universidade da Beira Interior (Portugal) / Debate com Bruno Araújo (UFMT)
No contexto dos estudos de midiatização, o tema do populismo na sua relação com a nova ambiência comunicacional adquiriu grande proeminência na última década. O surgimento de novos atores políticos populistas que utilizam a comunicação direta para apelar ao povo sem intermediários, bem como a consolidação das redes sociais digitais, envolvem interfaces entre processos midiáticos e políticos que pretendemos observar, tendo como objeto o cenário das Eleições Legislativas Portuguesas de 2022. Com efeito, abordamos, neste artigo, como é construída a comunicação populista de André Ventura, líder do partido de direita radical português, chega, durante o período da campanha eleitoral. No sentido de abordar a construção discursiva da mecânica populista no ecossistema digital, examinamos o corpus formado pelas publicações de André Ventura na rede social Twitter. Procuramos descrever as estratégias argumentativas presentes na construção da representação de “considerando a polarização”, e , ao mesmo tempo, problematizamos as significações de mundo mobilizadas pela comunicação populista na oposição a out-groups identificados como “inimigos” do povo puro ou autêntico. Os resultados da análise de conteúdo dos 143 tuítes que conformam a sua narrativa durante o período eleitoral, sugerem similitudes com a estratégia discursiva do populismo de far-right, nomeadamente uma narrativa de conflito entre “nós” e “eles”, a ênfase nas disfunções do sistema democrático, a exaltação de um comportamento honesto face à corrupção política, o discurso nativista e a tendência em comunicar de modo negativo.

Midiatização e Mediação: Liberdade ou outra forma de submissão? - Pedro Gilberto Gomes – Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS / Participação de Marcelo Igor de Sousa (UFRGS) e Mediação de Aline Weschenfelder (CISECO)
Chama-se atenção para o fato de que quase duas décadas após a realização do primeiro Pentálogo as redes sociais fornecem elementos à classe política para que opere de modo independente das lógicas midiáticas. Estas não parecem mais necessárias diante dos ventos digitais que geram outras consequências em termos da comunicação pública, como é o caso das fake news. Problematiza-se este dilema interrogando-se como enfrentá-lo.

 

 

Das práticas à circulação de sentidos: olhares sobre a midiatização do processo eleitoral na Suécia e no Brasil - Isabel Löfgren - Sordertörn University (Suécia); Paola Sartoretto -Jönköping University (Suécia) / Mediação de Ana Paula da Rosa - UNISINOS (Brasil)
O processo eleitoral vem sendo marcado, historicamente, pela relação direta com a mídia, contudo com a intensificação das lógicas de midiatização verifica-se uma transformação nos modos de se fazer campanha, com a presença cada vez maior de novos atores em cena, sociais e tecnológicos. Neste sentido, as práticas foram se complexificando, inclusive pelas experimentações sociais. A circulação de sentidos emerge, assim, como chave para compreensão das disputas eleitorais, principalmente quando comparados os cenários políticos, sociais e comunicacionais de dois países de realidades tão diferentes como a Suécia e o Brasil. Em 2022 os dois países decidem seus líderes, com semanas de diferença entre uma eleição e outra, mas o que marca este processo? Em que medida os modos de se fazer campanha e, consequentemente, política estão atravessados pela midiatização? E que temas sociais se evidenciam ou se escondem como problemáticas nos discursos em circulação nos dois países? É sobre tais questões que esta conversação se concentra, reunindo três mulheres, brasileiras e pesquisadoras, cujos olhares se encontram também em circulação.

O papel do jornalismo nas eleições brasileiras de 2022 - Rogério Christofoletti, Mariane Nava, Vinicius Bressan / Mediação Samuel Lima (UFSC/objETHOS)
Pesquisadores do Observatório da Ética Jornalística (objETHOS), realização do Departamento de Jornalismo e do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo (PPGJOR) da Universidade Federal de Santa Catarina, analisam a cobertura das eleições brasileiras de 2022.

A MIDIATIZAÇÃO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS EM ANGOLA: uma observação analítica e comparativa das mutações sócio técnico, tecnológico, cultural e midiática - Bantu Sayla e Zeferino Capoco
Sob angulações da Midiatização e dos Processos Sociais e, sobretudo, considerando o eixo temático do 12 Pentálogo, organizado pelo CISECO que,para este ano se debruça sobre a midiatização das eleições presidenciais em diferentes países, o presente texto apresenta como objectivo central, examinar como os processos midiáticos têm permeado as práticas eleitorais em Angola. Ou seja, objectiva-se dar ênfase a perguntas tais como: em que medida os processos midiáticos (FAUSTO NETO, 2008) se apropriam e atravessam as políticas em seus rituais estratégicos das campanhas eleitorais em Angola. Em termos metodológicos, em um universo de instrumentos e técnicas para a recolha de dados, ancorado em Katchipwi Sayla (2020), far-se-á recurso as entrevistas (KATCHIPWI SAYLA, 2020). De modo pragmático as perguntas das entrevistas farão eco sobre as afetações das eleições por parte das mídias digitais, sobre o como os angolanos exercem o seu direito de voto expresso nas urnas e as formas como os embates de opiniões se deslocam dos velhos mass mídias para os Dispositivos midiáticos (Ferreira, 2016) na era da cultura digital (KENSKI, 2018). Para o efeito, adopta-se o marco empírico obrigacional e cronológico, predente-se de 1992 quando a sociedade angolana, após um longo e doloroso período de guerra civíl vivenciou as primeiras eleições democráticas, passando pelos posteriores pleitos eleitorais até as últimas eleições ocorridas no dia 24 de Agosto de 2022.

Los refugios (temporales) de la intemperie: ascenso y caída del cuerpo presidencial en la era de la hipermediatización - Mario Carlón – Universidade de Buenos Aires
Luego de que Fernando de la Rúa conociera la intemperie, los cuerpos presidenciales argentinos(as) se han refugiado intermitentemente en las cadenas nacionales y las redes sociales mediáticas. Pero por una mezcla de tormentas y torpezas auto-infligidas no han logrado hacer pie. Ahora, en su peor momento, sin agenda, el cuerpo presidencial ya no busca más que llegar (al 2023). Pero en el vacío no parece haber ni agua. Sólo la hoja de ruta que garabatean los demás.

El imaginario cultural del 'Alt-Right' Transamericano y el (posible) crepúsculo del voto popular en nuestro tiempo: Una lectura comparada de la Radicalización del Racismo Blanco, Masculinidad Tóxico y la Colonialidad anti-Indigena en los Estados Unidos y Brasil en el Siglo XXI
Laura Lomas - Rutgers University-Newark / Mediação Gustavo Said e Monalisa Xavier (UFPI)
Existe paralelos sorprendentes entre los grupos apoyando la nueva derecha en los EEUU y Brasil, que en este momento amenazan a los procesos electorales en los dos paises más populosos y poderosos del hemisferio. Esta presentación toma como punto de partida el reconocimiento el 9 de Julio de 2022 que EEUU está en condición de un estado nación "fracasado" (Corey Robin, New Yorker ) debido a un esfuerzo coordinado de transformar el corte suprema y los procesos electorales. Exploraremos las antecedentes al ataque contra el capitolio del 6 de enero de 2021, para entender el imaginario cultural del alt-right, o los republicanos "MAGA" que el actual Presidente Biden denunció como una "amenaza a la fundación de la democracia," en su discurso en Philadelphia el 1 de septiembre 2022, frente el edificio donde firmaron la declaración de independencia. Preguntaremos ¿Que es esa derecha alternativa y cuales son los lazos que extienden entre Brasil y Estados Unidos? ¿Cuales son sus imaginarios culturales, sus interpretaciones de la historia y sus auto-representaciones como víctimas de fuerzas de represión durante la pandemia de COVID 19? ¿Cual es su actitud frente grupos históricamente subordinados como mujeres o minorías sexuales, frente grupos racializados o criminalizados por ser de ascendencia Africana o indigena? Cuales son los paralelos entre Trump y el Trump de los trópicos, en particular? Cuales son las estratégias actuales de rechazar los resultados de las elecciones de 2020 en EEUU y de transformar el proceso de contar los votos en 2024? A la víspera de las elecciones en el Brasil y amenazas de rechazar los resultados sino ganara el partido actualmente en poder, propongo una lectura comparada de los imaginarios culturales de las derechas actuales ( y de sus opositores), con el objetivo de revelar similaridades y diferencias. Considerar los paralelos historicos entre Brasil y Estados Unidos en este momento demuestra que la elección iminente de Brasil tiene implicaciones no solamente para Brasil, sino para la viabilidad del voto popular en el hemisferio.