Luciana Miranda Costa e Patrícia Nogueira
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN e Universidade Federal do Pará - UFPA

 

Resumo

O controle da divulgação de informações corporativas para além das fronteiras de suas instalações e públicos de interesse, sempre foi uma preocupação das empresas. O monitoramento pode acontecer por meio de dispositivos de controle de e-mail e telefonemas ou estar presente em manuais de ética e conduta. No entanto, com o advento das mídias sociais, do acesso facilitado a novos dispositivos tecnológicos de informação (sobretudo telefones celulares e smartphones) e com a eclosão do interesse social pela exposição pública de fatos pessoais e rotineiros por parte dos indivíduos, os colaboradores das empresas dispõem de ferramentas de comunicação dotadas do poder de influenciar a imagem e reputação das empresas, dependendo do que for divulgado. A partir desta nova realidade, na qual o cotidiano da vida, e, portanto, do trabalho, torna-se passível de ser revelado ao mundo “em um clic”, o controle de mensagens e imagens sobre as empresas tornou-se mais difícil devido à descentralização da fonte de comunicação. A vigilância e o controle, quando existem, são normalmente feitos por mecanismos sutis porque a coerção ostensiva poderia ser caracterizada como assédio moral e violação de alguns direitos garantidos constitucionalmente. Diante deste cenário, o presente artigo se propõe a fazer uma análise do Guia de Boas Práticas em Redes Sociais da empresa Vale, que é um exemplo de mídia recentemente propagada como estratégia comunicativa. Nossa hipótese é que, além do caráter educativo e informativo, o guia funciona como mecanismo de coerção velada e sutil na tentativa de evitar ou reduzir a prática da divulgação de informações corporativas não autorizadas.

 

Abstract

Controlling the dissemination of corporate information beyond the companies and stakeholders’ walls has always been a business concern. The monitoring of employees by companies can happen through email and phone calls or by manuals of ethic and conduct. However, with the advent of the social media, the easier access to new technological information devices (especially mobile phones and smartphones) and the outbreak of social interest by the public exposure of individuals’ personal and routine facts, employees have communication tools with the power to influence image and reputation of the companies, depending on the disseminated content. From this new reality, in which the everyday life, and therefore the work, can be revealed to the world "at a click", the control by the companies of its messages and images has become more difficult to be done because of the decentralization of communication source. When there is monitoring and control, they are usually made by subtle mechanisms, because the overt coercion could be considered moral harassment and violation of some constitutionally guaranteed rights. Considering this scenario, this article aims to analyze the Guide to Good Practice in Social Medias, from Vale company, which is an example of new media developed as a communication strategy. Our hypothesis is that in addition to the educational and informative characteristic, the guide serves as veiled and subtle coercion mechanism, attempting to avoid or reduce the practice of the dissemination of unauthorized corporate information.

 

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