Michael Hanke
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

 

Resumo

Entre os diversos tópicos da obra de Vilém Flusser encontra-se, talvez surpreendemente, a cidade. Flusser começa retratando como o primeiro passo da cultura, a fase de sedentarismo e dos assentamentos, há cerca de 10.000 anos, quando o desenvolvimento na história da humanidade deu um salto que se manifesta nas primeiras cidades. Passando pela cidade antiga grega e sua estrutura composta por um oikos, a casa (economia) e a esfera pública, sua ágora (política), Flusser chega a tratar a cidade tradicional como surgiu na Itália no século IX e sua estrutura em esfera contemplativa (igreja), economia (mercado central) e política (prefeitura). É essa constelação que dá a base para a esfera privada e pública e a comunicação na sociedade civil. Exposto isso, Flusser defende que o impacto das mídias e canais digitais acaba com a estrutura tradicional da cidade e a sua dicotomia público-privada, porque eles invadem o espaço privado (a casa é toda aberta para qualquer invasão midiática), e o privado se torna público. Essa mudança estrutural acaba com a cidade – no sentido estrito ─ formulado em termos do congresso: a “virtualidade” cibernética acaba com a materialidade urbana. Nao é uma contradição o fato de que cada vez mais pessoas habitam as cidades. Porém, elas perdem as suas funções para a telemática: a cidade vira metrópole digital, virtual.

 

Abstract

One of the diverse topics of Vilém Flusser 's work is, perhaps surprisingly, the city. When Flusser portrays the first step of culture, sedentary settlements about 10,000 years ago, he highlights the importance of the city for cultural development. Outgoing from the ancient Greek city and its structure composed by the oikos, the house (economy), and the public sphere and its agora (politics), Flusser comes to treating the traditional city as it appeared in Italy in the ninth century and its structure composed by a contemplative sphere (the church) , economics (central market) and politics (mayor). It is this constellation that makes up the basis for the private and the public sphere and thus for communication in civil society. Flusser argues that, before this background, the impact of media and digitalized channels of communication do away with the public/private-dichotomy and because of that with the traditional structure of the city, as they invade private space (the house is wide open to any invasion media), and the private becomes public. This structural change puts an end to the city ─ to put it in the terms of the congress: cybernetic "virtuality " ends up urban materiality. There is no contradiction in the fact that ever more people live in cities. However, they loose their functions to telematics: the city becomes a digital metropolis and in this sense virtual.

 

Texto completo: PDF