São 16 km de praia e coqueiros e mais coqueiros se debruçando pelas areias do Bitingui, Barreiras, Barreiras do Boqueirão, Boqueirão e no Pontal do Boqueirão. Essas são algumas das praias de Japaratinga, cidade que fica a 130 km do Recife e 120km de Maceió. A distancia entre as duas capitais é justamente o que aproxima à natureza de quem chega por lá: o coqueiral encanta e o verde mar fascina quem percorre a pequena estrada de pedras que corta o município beirando à praia, mas só até o distrito das Barreiras. A partir daí a estrada de terra leva o viajante ao túnel do tempo. O que importa daqui para frente é a lua cheia, minguante, nova ou crescente. Isso determina o movimento das marés, das jangadas e dos pescadores, enfim da vida de Japaratinga. Se for lua cheia ou nova é época de pescar polvo ou lagostim em cima dos arrecifes que se estendem como verdadeiros terraços no mar de dia ou à noite. No caso da lua minguan te ou crescente, o alvo da pescaria passa a ser o peixe.


Na mesa de Japaratinga a agulha frita com macaxeira é um prato tradicional. A agulha é pescada em abundancia na região e a macaxeira laminada faz você esquecer qualquer batatinha frita. O polvo a vinagrete ou ao molho de coco é, para quem acredita em Deus, comer rezando.


O coco movimenta a pequena economia da região, por alguns centavos de reais os homens sobem nos imensos coqueiros, alguns chegam a mais de vinte metros de altura e retiram os frutos secos que são carregados em grandes caminhões e comercializados para indústrias que produzem o leite de coco. Isso é feito a cada dois meses aproximadamente. Os coqueiros mais altos ajudam os pescadores que estão no mar a se orientar em relação a terra, é por esses coqueiros que eles se guiam para voltar ao continente.


Além do coco, a banana é outra fruta típica de Japaratin ga junto com a manga e o caju. Esses últimos tem a safra nos meses de dezembro e janeiro, quando Japaratinga exala manga. Em todo o quintal existe um pé de manga.


Seguindo pela estrada de terra batida chega-se às bicas de água doce nas Barreiras do Boqueirão, praticamente na beira da praia e que fazem a fama do lugar. De um lado bica para mulheres e do outro bica para os homens. E para os mais desavisados é preciso atenção pois ao lados das bicas existe CASAL. Não se trata de uma bica para os dois sexos e sim Companhia de Água e Saneamento de Alagoas. É o local das bombas.


Ao descer as barreiras, a praia se chama Boqueirão e a estrada segue com menos casas e mais sítios de coqueiros pela praia. Por aí se chega ao Pontal do Boqueirão, onde o rio Manguaba se encontra com o mar e avistamos o farol de Porto de Pedras, o farol preto e branco. Branco para alertar aos navegantes do risco dos bancos de areia e pre to para avisar que os arrecifes se espalham pelo mar. O estuário do rio Manguaba serve de abrigo para os peixes-boi. Vários já passaram por lá, Aldo, Astro e Lua. Não é muito raro tomar banho de mar em Japaratinga e ter a companhia de um deles. Se aproximam sem fazer alarde e são extremamente doceis.


A travessia do rio Manguaba é feita em uma balsa com quatro ou seis carros no máximo. Nela você terá a certeza que não está no século XXI, pode acreditar. Do outro lado a cidade histórica de Porto de Pedra tem 350 anos e uma casa de farinha de mandioca que deve ter a mesma idade aproximadamente. Vale uma visita para conhecer o forno, a queima da farinha e comer o beju ainda quentinho. Certamente uma viagem no tempo.


Ainda em Porto de Pedra, o casal Maria e Ciro fazem artesanato com a palha do coco e do dendê. É o artesanato Sol Nascente. Pequenos objetos de decoração, jogo americano, talheres, tapetes, esteiras, lustres e luminárias. Tudo com uma simplicidade que beira o genial, toda a matéria prima usada é recolhida ali na região e com isso vários filhos são sustentados e estão aprendendo o ofício.


O Pentálogo inaugural do Ciseco começa na lua crescente e segue até a lua cheia. E lua cheia significa maré viva. Sinal de que a natureza conspira a favor desse encontro.