Programação: Conferências

Dia 8/Novembro (segunda-feira) 14h

Gastón Cingolani - IIEAC, Universidad Nacional de las Artes, Argentina

“Mediatización y retóricas de la normalidade”

La pandemia global de Covid-19 ha sido un gran revelador de normalidades. La normalidad no es algo que se puede dictaminar, como una ley. Desde el punto de vista de lo ideológico, es la sustancia de la doxa. Desde una perspectiva semiótica, responde a lo que Peirce llamaba hábito. En esa medida, solo puede describirse por diferencia, mediante sus variaciones, desvíos, rupturas. La circulación (como la pensaba Verón) es una clase de diferencia: específicamente la diferencia de sentido sobre un mismo acción o discurso en dos o más instancias diferentes. La normalidad se construye de continuidades en la circulación. La “nueva normalidad” es un oxímoron que se enunció antes de que se produzca, como si pudiera anticiparse. ¿Cuál ha sido la retórica de la pandemia aplicada sobre condiciones en transformación? ¿En qué medida las mediatizaciones participaron de esas definiciones que evocaban un futuro y lamentaban los cambios respecto del pasado? ¿Forzaron las condiciones actuales de la circulación mediática las evidencias de una normalidad no tan expandida como se suponía?

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Dia 11/Novembro (quinta-feira) 14h

Sérgio Dayrell Porto - Universidade de Brasília

“A fuga como contraponto do estado da pandemia no Brasil”

Uma alternativa aos relatórios promovidos pelo Consórcio dos Veículos de Imprensa sobre o estado da pandemia no Brasil, passados mais de 1 ano e meio, a fuga literária é um contraponto narrativo, que ajuda a produzir sentidos em nossa sociedade. Michel Foucault, em seu livro, A Ordem do Discurso, 1971, nos fala da figura do sujeito fundador. Da imagem extraída da sua consciência filosófica e poética, a que o tradutor chamou de sujeito fundante, refere-se à função primordial do sujeito identificado com a ideia de que o universo está repleto de lugares vazios e que cabe a esse sujeito fundador o preenchimento desses espaços, utilizando-se da linguagem de que é possuidor nato. As intuições, as iluminações, os conceitos, as ideias, as imagens, as proposições, as frases, as sentenças, as orações, os discursos, as estórias, as narrativas, os relatos que o sujeito fundador é capaz de fazer e ter, estão aí para preencher essas enormes lacunas do mundo, mundo vazio, por mais que a notícia e a informação queiram trazer para si o direito roubado de que elas nunca serão demais, por mais que, outros vazios, elas possam causar.

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Dia 16/Novembro (terça-feira) 14h

Sandra Valdettaro – Universidad Nacional de Rosario, Centro de Investigaciones en Mediatizaciones- CIM, Argentina

“Enfoques críticos sobre la comunicación social en tiempos de pandemia”

La conferencia planteará una serie de dilemas acerca del estatuto de la comunicación social en las distintas etapas de la pandemia Covid. Se abordarán las modulaciones discursivas que circularon en medios, redes y plataformas: desde las metáforas iniciales catastrofistas hasta el acostumbramiento perceptivo en la vida cotidiana, focalizando los desempeños discursivos del campo de la política y el sanitarismo, entre otros.

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Dia 19/Novembro (sexta-feira) 14h

Guilherme de Azevedo – Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, Brasil

“O ‘pandêmico’ no direito e na política: sentido e desdiferenciação na teoria dos sistemas sociais”

A pandemia da Covid-19 manifestou-se como um grande evento comunicacional do século XXI. A tarefa de identificação dos sentidos envolvidos na complexidade desse fenômeno demanda o aceite de uma policontexturalidade, até certo ponto, inédita no cenário atual. Direito, política, economia e ciência enquanto sistemas sociais, portanto sistemas de comunicação (Luhmann), depararam-se com demandas por operacionalização de comunicações que se auto irritaram e projetaram dinâmicas complexas de tomadas de decisão. Em especial o sistema do direito e o da política foram instigados a tencionar seus sentidos sobre temas como a obrigatoriedade da vacina, tratamento precoce, distanciamento social, fechamento de atividades comerciais, suspensão de atividades escolares, proibição de realização de cerimonias religiosas presenciais etc. o que desencadeou uma relevante discussão sobre a capacidade dos sistemas sociais conservarem suas autonomias constitutivas a partir de processos de fechamento operacional. Com isso, a possível emergência de uma “comunicação pandêmica” pode ser interpretada como um fenômeno relevante de geração de processos de desdiferenciação dos sistemas sociais, cujos impactos ainda desconhecemos.

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Dia 24/Novembro (quarta-feira) 14h

Rocco Mangieri - Laboratorio de semiotica y socioantropologia de las artes. Universidad de Los Andes. Visiting professor, Universita di Modena, Italia

“Turbosemiosis y biopolíticas pandemicas: una aproximacion a las practicas semioticas de los no vax y los negacionistas europeos”

Trata-se de una reflexion analitica y valorativa de los discursos y practicas semiòticas construidas, en el mismo curso de la accion, por los denominados "no-vax" o “negacionistas” durante las fases recientse de la pandemia. Uno de los objetivos, ademas de tratar de des-implicar la trama de sentido de estas pràcticas abiertas, es el de averiguar si la semiotica contemporànea posee suficientes instrumentos teoricos para rendir cuenta de estos nuevos acontecimientos sociales o en cambio debe encontrar zonas teòricas de intercambio con otros campos disciplinares. En principio recurrimos a los modelos de Practica Semiotica de Jaques Fontanille, a las dinamicas entre produccion-circulacion-reconocimiento de Eliseo Veron y el esquema de relacion entre Programacion y Riesgo de Eric Landowski.

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Dia 26/Novembro (sexta-feira) 14h

PAINE FIOCRUZ

Inesita Araujo, Raquel Aguiar, Adriano De Lavor

Um vírus, muitos sentidos: hegemonias, tensões e articulações na e da pandemia

Por sua dinâmica de incerteza, complexidade, ambiguidade e volatidade, as crises sanitárias constituem uma oportunidade singular para observar como as operações de sentido são afetadas por diferentes e diversos fatores próprios das dinâmicas sociais e institucionais, incluindo fortemente os lugares de fala (estáveis) e de interlocução (dinâmicos) de cada um.

É isto que o painel buscará evidenciar, ao reunir três profissionais da Comunicação e Saúde que atuam na Fundação Oswaldo Cruz, em diferentes Institutos, com diferentes perfis enunciativos, para falar sobre a intensa e disputada produção e circulação dos sentidos na e da pandemia da Covid-19, incluindo o prisma da pesquisa, do ensino e da atuação jornalística. A variedade de seus vínculos e da natureza de suas responsabilidades resultam em olhares situados em diferentes processos de produção e circulação dos sentidos sobre a pandemia. Seus lugares de fala e interlocução são posições privilegiadas de observação das possibilidades semiológicas que se apresentam no vasto e disputado campo da Comunicação e Saúde a partir de uma instituição de saúde altamente legitimada e com papel central no enfrentamento da crise sanitária, tendo, porém, em mente o quanto esse processo de significação é afetado pelos lugares de fala e interlocução de cada um.

Inesita Araujo, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde / Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde / Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde, trará seu olhar do lugar da pesquisa, do ensino, que são lugares da produção formal de conhecimentos, mas propugnando e apontando a importância e a ocorrência dos primeiros sinais de descentralização da enunciação e do direito de produzir conhecimentos reconhecidos como válidos a partir de outros lugares, movimento que se evidenciou e se fortaleceu na pandemia, pelas desigualdades sociais de condições de enfrentamento do vírus.
Raquel Aguiar, do Instituto Oswaldo Cruz / Serviço de Jornalismo e Comunicação, aportará sua mirada produzida do lugar de mediação entre instituição e imprensa. Lugar da crucial encruzilhada semiológica dos conhecimentos produzidos pelos cânones científicos e os que circulam na sociedade mais ampla, também propicia a discussão de conceitos como Viroceno, que amplia a compreensão das disputas de narrativas pandêmicas, e a comparação com aspectos narrativos típicos de emergências sanitárias anteriores.

Adriano De Lavor, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/Programa Radis de Comunicação e Saúde, também fala de um lugar de jornalismo, mas diferente, o da comunicação pública, cujo objetivo é promover o diálogo entre Saúde, Ciência e Sociedade. Editor e repórter da Revista Radis há quase 20 anos, seu olhar busca problematizar o processo de produção de notícias sobre saúde durante a pandemia, bem como os desafios e as possibilidades de interlocução possíveis com o público em geral, quando o conhecimento científico disputa espaço com estratégias de desinformação e que o cenário de “infodemia” evidencia a percepção de “diferentes pandemias”, especialmente entre grupos e populações em situação de vulnerabilidade.

Espera-se que os participantes do painel, em seu conjunto, evidenciem que, ao se falar em produção e disputa de sentidos ou narrativas, bem como ao destacar expressões peculiares da pandemia nos circuitos dos sentidos, é central levar em conta que as diferentes operações discursivas são afetadas pelos lugares enunciativos. Concomitantemente, desejam demarcar algumas características de um modo de produzir reflexões semiológicas sobre saúde da instituição a que pertencem.

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Dia 30/Novembro (terça-feira)

MESA CISECO – Encerramento Pentálogo XI

Manhã 9h30

Antônio Heberlê – Embrapa – “Sobre o pensamento lógico e o falso silogismo na pandemia”

O desleixo com as consequências de orientações elementares durante a crise pandêmica, a recomendação de drogas e procedimentos sem nenhuma aplicabilidade ampliou o número trágico de mortes, especialmente no Brasil. Estima-se que ¼ dos óbitos poderiam ser evitados se as recomendações corretas fossem oportunamente seguidas e orientadas pelas autoridades de governos. As pessoas simplesmente “acham” que sabem, sustentam com a espada do ceticismo as suas ideias infundadas e inconsistentes e sacralizam o engodo em grosseira e danosa mentira. As piores consequências deste modus operandi acontecem quando decisões equivocadas resultam em políticas públicas e levam a milhares de mortes, num atentado à lógica. Os registros, nas mídias, estão lotados desses desatinos, carreados pela ilusão da exclusividade do conhecimento e do saber correto, baseadas num falso silogismo.

Pedro Russi – Universidad de la Republica – UDELAR, Uruguais e UnB – “Suspeita e medo, sentidos que disputam a pandemia”

No contexto da pandemia, quero destacar dois signos, que atuaram como âncoras interpretativas da sociedade ou coletivos: a suspeita e o medo. A circulação e midiatização ao coletivizar esses signos, fortaleceram dispositivos de vigilância, castigo e punição, que afastaram a solidariedade comunitária e evitaram – pela dicotomia – leituras complexas. A saúde, como sentido em disputa, atravessada pela suspeita e o medo que reduziram no comum do cotidiano outras possibilidades interpretativas. O medo e a suspeita, nas atividades cotidianas em pandemia, fortalecem e legitimam a “algoritmização” e “dataismo” da saúde na experiência humana.

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Tarde 14h

Laura Guimarães Corrêa – UFMG - “Crises entrelaçadas: a pandemia nos centros e nas margens”

Discutirei a adoção de abordagens interseccionais para refletir sobre as experiências das pessoas, as construções de sentido e os discursos midiáticos em tempos de crises entrelaçadas. Considerando que as experiências de vida diferem em função das opressões e vulnerabilidades que os indivíduos podem enfrentar, defendo que um entendimento sobre a interconexão de sistemas de poder é necessário para analisar - e até transformar - dinâmicas da mídia, da comunicação e da sociedade de modo geral.

Viviane Borelli – UFSM – “Conversações em torno da pandemia: vínculos, divergências, tensionamentos”

Pretendo refletir sobre conversações produzidas por distintos atores sociais acerca da pandemia por meio de observação de grupos no WhatsApp. Trata-se de coletivos que expressam suas angústias, percepções, interpretações de mundo, partilham suas experiências e tais práticas discursivas remetem a complexidades marcadas por vínculos, contatos, aproximações, afastamentos, tensionamentos, divergências...

Antônio Fausto Neto – Unisinos – “O vírus e seus modos de existências”

“Agora a imagem está feita e vai trabalhar lá fora” (...)

“Ontem, estava aqui sentada, e vi aquele bichinho que parecia uma carrapateira passando por debaixo da mesa, peguei uma chinela e matei (...) E tomei conhecimento dele pelo noticiário da televisão (...)”

Os enunciados acima relatam exteriorização de sentidos sobre o coronavírus, em diferentes espaço-temporalidades. No primeiro, médica relata a experiência de reconstituição computadorizada do coronavírus, feita em laboratório. E lembra que a partir dali ele seria objeto de outras construções. Possivelmente, uma delas já aparece no segundo fragmento, no qual camponesa recorda como tomou conhecimento do vírus. Descreve duas operações de reconhecimento, através das quais ele ingressa na circulação discursiva em dois ambientes da sua experiência: a tv e a sua própria casa. Estes fragmentos apontam a hipótese de que os discursos sociais trabalham e dão “modo de existência” ao vírus, algo que se faz em torno de operações de lógicas e gramáticas de várias naturezas e, que funcionam segundo vários meios e modalidades comunicacionais. Tomaremos como referência para esta reflexão observações feitas em “corpus” constituído por folhetos da literatura de cordel produzidos no contexto e na temporalidade do vírus e o seu desencadeamento em pandemia. Destacamos, principalmente, a singularidade de alguns mecanismos e operações através das quais vírus é objeto de disputas de sentidos.

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“Acho que os dez anos do Pentálogo traduzem a força proativa da pesquisa universitária conduzida por mestres cientificamente inquietos, mas institucionalmente persistentes, como é o seu caso. O CISECO surfa vitorioso nas dificuldades. Vai continuar ainda que seja grande a onda adversa para a educação e a cultura no momento.”

Muniz Sodré - UFRJ